Técnicas de mediação para advogados

Você é advogado e já pensou como a mediação pode afetar o seu dia a dia? Seria uma vantagem ou desvantagem? Quais técnicas de mediação para advogados são mais efetivas?

O advogado é um profissional cuja atuação não se limita apenas a processos judiciais. Ele também pode atuar de forma extrajudicial, consultiva e em juízos arbitrais. Nesse meio, pode ser que o advogado tenha de utilizar técnicas de negociação e, principalmente, de mediação, para apaziguar conflitos. Para que faça isso da forma correta, elencamos aqui 4 técnicas de mediação para advogados utilizarem na sua rotina profissional. Confira!

O que é mediação de conflitos?

A mediação é uma forma de resolução de conflitos, inclusive prevista no Código de Processo Civil, por meio da qual as partes litigantes aceitam, por livre e espontânea vontade, submeter a sua demanda a uma pessoa imparcial, que pode auxiliar na resolução do problema, antes que se torne um processo judicial. Essa pessoa imparcial, por sua vez, é chamada de mediador, e tem como função facilitar a comunicação entre os envolvidos, por meio de diferentes técnicas.

Isso implica no fato de que o mediador não pode oferecer sugestões ou tecer opiniões sobre o que considera melhor para resolver aquele conflito; ele precisa contribuir para que as próprias partes criem suas ideias de como solucionar a situação.

Da mesma forma que ingressaram na mediação, as partes também podem suspendê-la ou abandoná-la, a qualquer momento.

Técnicas de mediação para advogados

Rapport

O Rapport é uma das principais técnicas utilizadas nos processos de mediação, e seu uso está pautado em uma relação de empatia. Para que essa técnica seja efetiva, ela conta com elementos como a atenção mútua, o sentimento positivo e a comunicação bem coordenada.

Com o Rapport, o mediador busca criar um diálogo aberto e construtivo entre as partes, a fim de conquistar sua confiança e fazer com que elas alcancem, em conjunto, uma solução. Ao conquistar a confiança das partes e fazê-las criar empatia entre si, o mediador contribui para que elas entendam o lado uma da outra e consigam chegar em um meio-termo que seja bom para todos.

Neste sentido, o advogado pode utilizar essa técnica quando duas partes se mostrarem dispostas a conversar, antes do problema se transformar em uma ação judicial.

Escuta ativa

A técnica de mediação denominada escuta ativa, como o próprio nome indica, busca fazer com que as partes prestem mais atenção no que a outra tem a dizer. Isso engloba toda a comunicação verbal e não verbal, incluindo gestos e expressões faciais.

Essa técnica é importante porque, na maioria das vezes, a comunicação entre as partes está prejudicada e o conflito já está instalado. É difícil que consigam se resolver, por si só, sem que despejem raiva ou outros sentimentos em cima do outro.

Portanto, com o auxílio de um mediador, a utilização da escuta ativa permite que o diálogo seja restabelecido entre as partes, a fim de que compreendam melhor as necessidades e desejos um do outro. Assim, é possível alcançar uma solução que seja positiva para ambos.

Os principais passos seguidos na implantação desta técnica de mediação são.
● Manter contato visual com a pessoa que está falando;
● Ter a mente aberta e não exercer juízo de valor, nem tirar conclusões precipitadas;
● Fazer perguntas para confirmar que a parte compreendeu as colocações fornecidas
pela outra;
● Exercer a empatia e se colocar no lugar do outro, a fim de entender melhor seus
sentimentos, emoções e opiniões.

Nesta técnica de mediação, o advogado também poderá exercê-la para com seus clientes,
a fim de que um escute o que o outro tem a dizer e conseguir encontrar um senso comum
sobre a situação que estão passando.

Caucus

Caucus é uma técnica de mediação bastante utilizada quando a comunicação entre as partes está difícil e fragmentada. Desta forma, o mediador deverá se reunir, de forma particular, com cada um dos envolvidos, durante a etapa de negociações. As sessões devem acontecer seguidamente e com a mesma duração.

Por meio dessas reuniões, busca-se estabelecer a confiança entre as partes e o mediador. Com essa proximidade criada, é possível reunir informações importantes e úteis para a negociação e, consequentemente, contribuir para a resolução do conflito. Vale ressaltar que a aplicação dessa técnica requer conhecimento e prática pelo mediador, uma vez que pode gerar certa desconfiança entre os envolvidos, pelo fato dele se reunir de forma particular com as partes.

O mesmo se aplica, portanto, aos advogados que desejarem exercer essa técnica de mediação.

Parafraseamento

O parafraseamento é uma técnica utilizada pelo mediador para que ele faça as partes enxergarem o problema por outro ponto de vista. Também é conhecida por recontextualização.

Por meio dessa estratégia, as partes conseguem ver os pontos negativos do conflito e, principalmente, mudar sua visão para enxergar os pontos positivos daquela situação. Desta forma, possibilita-se um comportamento mais positivo das partes, a fim de que elas mesmas reflitam sobre o assunto, compreendendo melhor o que cada lado quis dizer.

Ademais, deve-se levar em conta que, em todo conflito, há bastante julgamentos sobre a opinião do outro. Portanto, o mediador deve abrir espaço para confirmar exatamente o que cada parte quer dizer para a outra, para que não haja espaço para dúvidas ou entendimentos equivocados.

Conclusão

As atividades do advogado não podem se limitar apenas a processos administrativos ou judiciais. É preciso ter tato e saber identificar e compreender a situação pela qual seus clientes estão passando. Desta forma, as técnicas de mediação são ótimas alternativas para serem utilizadas em uma negociação ou, até mesmo, para resolver um conflito, evitando que ele seja submetido à análise de um magistrado e, consequentemente, uma decisão judicial.

Artigo escrito pela equipe Projuris em parceria com a Arbtrato.