Efetividade da mediação familiar para conflitos infantis

Os conflitos são, sem dúvidas, situações que irão ocorrer durante toda nossa vida. Por isso, é interessante aprender a lidar com eles desde cedo. A infância é uma ótima fase para isso. Isso em razão de ser um momento de grande capacidade de aprendizagem, que vamos levar para a vida toda. Assim, os conflitos infantis não devem ser desprezados.

Mas como saber qual o melhor método? Bom, para isso é preciso analisar a eficiência dos métodos. Nesse ponto, a mediação familiar é uma ótima opção. 

Um estudo realizado pelo CEJUSC (Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania) do Tribunal de Justiça do Mato Grosso analisou a eficácia dos métodos de resolução autocompositivos realizados no momento pré-processual. A conclusão foi de que:

Quando se trata de sessões em que se utiliza a técnica da mediação pré-processual o índice é ainda melhor, chega a 85%. Das 152 tentativas de mediação realizadas, em 129 foi possível fechar um acordo. Em sua maioria, são tratados conflitos familiares”.

Dessa forma, a eficiência da mediação para resolver conflitos, principalmente os familiares, vai além apenas da teoria.

O que é a mediação? Qual o diferencial da mediação familiar?

A mediação é um meio de resolução de conflitos. Nele, as próprias partes vão estabelecer um acordo, com a ajuda de um mediador. O papel do mediador vai ser apenas de auxiliar as partes e conduzir a comunicação da melhor forma possível. Para te ajudar a entender melhor sobre mediação, acesse nosso artigo.

No entanto, é importante ter em mente que os conflitos familiares acabam sendo delicados e estressantes de resolver. Isso ocorre por causa da proximidade e intimidade entre as partes. E nesses casos a emoção acaba falando bem mais alto que a razão.

Então, a mediação familiar aborda a vulnerabilidade e as dinâmicas emocionais complexas das relações familiares para alcançar uma resolução eficaz. Assim, ela não é necessariamente um tipo diferente de mediação. Mas sim a que leva em consideração as especificidades da relação familiar.

Caso você tenha interesse em saber mais sobre a mediação nos conflitos familiares, acesse nosso artigo aqui.

Entendendo melhor os conflitos infantis

Os conflitos infantis não se diferenciam muito dos conflitos “dos adultos”, de uma forma genérica. Isso porque se trata de duas, ou mais, pessoas que querem alcançar um objetivo mas estão com problemas em chegar em um acordo. Ocorre que na maioria das vezes esse problema é gerado em razão de uma falha na comunicação, ou na ausência dela.

Além disso, devemos lembrar que as crianças não possuem o mesmo repertório emocional de uma pessoa adulta. Justamente por isso tendem a agir pela emoção, seguindo o modo mais intuitivo de se expressar, que pode ser por brigas, gritos, choro, etc.

Ocorre que quando se trata das crianças, a maioria dos adultos tenta apenas encerrar a briga, e não resolver o problema. Diversas vezes as crianças são obrigadas a se desculpar e se abraçar no meio de uma discussão. E essa atitude não visa compreender seus sentimentos, o que pode ser frustrante.

O problema é que, dessa forma, a criança aprende a evitar conflitos em vez de enfrentá-los e resolvê-los de maneira saudável.

Então como seria uma resolução de conflitos infantis de forma ideal?

Bom, a utilização das ferramentas de mediação são indispensáveis nesse caso. O primeiro passo seria acalmar as crianças e criar um ambiente que elas entendam que serão ouvidas e seus sentimentos validados. 

Agora passando para a parte mais importante, a escuta ativa. Nessa fase elas vão praticar o exercício mais importante, a comunicação respeitosa. Essa comunicação consiste tanto no ato de expressar o que elas estão sentindo e o que querem, quanto na validação da outra parte também. 

Porém, mais importante do que ensiná-las a se comunicarem em uma ocasião específica, é terem exemplos de pessoas com quem convivem diariamente. Pais, professores, familiares, deveriam evitar brigas/discussões/maus comportamentos perto dos menores. Isso porque as crianças aprendem e absorvem e se assemelham no comportamento dos adultos que têm como exemplo.

Logo, as demais ferramentas (parafraseamento, brainstorming) podem ser aplicadas de acordo com a necessidade e com o desenrolar da conversa. Mas é essencial que elas sempre se sintam ouvidas e entendam que devem agir de igual forma com as outras pessoas, pois só assim será possível resolver o conflito.

Para entender melhor como aplicar a mediação em conflitos infantis na prática, confira nosso artigo sobre mediação nas escolas, que oferece uma base sólida para começar. Mas, além desse, recomendamos a leitura dos demais artigos do nosso blog sobre mediação e arbitragem.